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terça-feira, 16 de agosto de 2011





"... Nunca pensei em pisar num palácio. Quiteria, eu disse a mim mesma, foste criada para andar de pés nus e cabelos ao vento. Quiteria, és uma taborâ. E no entanto, o que fizeram de mim? Ou melhor, o que a vida fez de mim? Nunca pensei que, ao pegar em armas, ao entrar naquela guerra do Recôncavo, eu acabaria aqui, hoje, nesta recepção palaciana. O imperador vai entrar..."


Um pouco de sua história


Como imaginar uma camponesinha de feições suaves, aparentemente frágil, atabaroada, saída do meio do sertão da Bahia, filha de agricultores e que, ao perder a mãe por volta dos 10 anos de idade, teve que assumir os cuidados dos seu dois irmãos menores, pudesse se transformar em um dos maiores ícones da Independência do Brasil sendo, até hoje, homenageada e reconhecida através de monumentos, comendas, condecorações e inspirar ideários de emancipação da mulher em pleno Século XIX?! 
  Pois é, Maria Quitéria de Jesus é o nome de batismo desta heroína baiana dessa figura que combateu bravamente em muitas frentes de batalha pela Independência da Bahia e do Brasil. Nasceu em 27 de julho 1792 e existem algumas polêmicas em relação ao local de nascimento; na região de Feira de Santana, provavelmente no sítio Licurizeiro em São José das Itaporocas, hoje Distrito Maria Quitéria.
 
Desde cedo a jovem Maria Quitéria já demonstrava habilidades que a distinguiam das demais moças de sua época. Montava, caçava e manejava arma de fogo com uma destreza que poucos homens detinham. De temperamento afoito e impetuoso a jovem bonita e altiva foi seduzida a entrar para a vida militar quando o Conselho Interino do Governo da Província da Bahia nstalou-se na Vila de Cachoeira, a 80 km da Serra da Agulha, localidade onde então residia a família de Maria Quitéria em uma fazenda adquirida pelo seu pai que estava prosperando. Na época o Conselho, que defendia o movimento pró-independência da Bahia, enviou emissários a percorrerrem o sertão para angariar fundos e arregimentar adesões voluntárias para as tropas libertárias.
   Advertida e recriminada por seu pai, Gonçalo Alves, que a preveniu dos riscos e impossibilidades de uma soldado mulher guerrear em frentes de combates onde só existiam homens rudes e imprevisíveis. Mas os argumentos paternos não foram convincentes, já que as noticias do movimento revolucionário de Cachoeira e a inquietude e espírito vanguardista latentes, na jovem Maria, fizeram-na fugir de casa e ingressar na carreira militar no ano 1822, quando se alistou num Regimento de Artilharia. Para tanto usou o sobrenome de Medeiros, seu cunhado, casado com Teresa, sua irmã por parte de pai. Esta, além do sobrenome emprestou roupas ao então combatente disfarçado que possuía cabelos curtos e sedosos e voz aveludada! 
   Maria Quitéria permaneceu no Regimento de Artilharia até ser descoberta, semanas depois, quando foi então transferida para o Batalhão dos Periquitos e à sua farda foi acrescentado um saiote. A bravura e habilidade em manejar armas destacaram a heroína feirense nas frentes de batalha, tornando-a respeitada pela tropa!.
   “... Eu gostaria de entrar nua no rio, caso estivesse no sítio do meu pai. Mas estou aqui entre homens, somos todos soldados, e o banho no Paraguaçu é forçado. Os portugueses de uma canhoneira bombardearam Cachoeira, então um bando de Periquitos, e entre eles eu e mais cinco ou seis mulheres, entramos no rio, de culote, bota e perneira, dólmen abotoado e baioneta calada.
   Queríamos que os agressores desembarcassem para o combate em água rasa da margem. E eles vieram, aos brados. Traziam armas brancas. Alguns as mordiam com os dentes. O encontro deu-se num banco de areia, com água pela cintura. Senti quando a água fria subiu pelas pernas, abraçou as coxas e espalhou-se pelas virilhas.
   Um toque frio, desagradável. Com o calor da luta, tornou-se morno. E houve um instante em que eu tinha água pelos seios. Senti que os mamilos se enrijeciam sob a túnica. Pensei outra vez no sítio, na rede em que costumava embalar-me. Ali tudo era cálido, os panos convidavam ao sono. Aqui, luta-se pela vida, pela nossa Cachoeira, pela Pátria.
   Mas uma voz secreta me sopra que também luto por mim. Estou guerreando, sim, para libertar Maria Quitéria de Jesus Medeiros da tirania paterna, dos sofridos afazeres domésticos, da vida insossa. Ah, eu combato, com água no nível dos peitos, pela libertação da Mulher, pela nova Mulher que haverá de surgir. Minha baioneta rasga o ventre de um português que não quer reconhecer a Independência do Brasil gritada, lá no Sul, pelo Imperador D. Pedro ”.
  Se pudéssemos voltar em uma espécie de “ túnel do tempo ” encontraríamos Maria Quitéria uma combatente mulher livre dos constrangimentos que a condição de soldado disfarçado inicialmente lhe imponha, emancipada, alguns até diriam tratar-se de uma “feminista inveterada”, dona do seu rumo e de seus quereres e avassaladoramente consumida pelo amor à Pátria que estava relutando em surgir.
Na época a escritora inglesa Maria Graham faz menções a sua firmeza, honestidade de propósitos e simplicidade de coração: “ ...Maria de Jesus é iletrada, mas viva.    Tem inteligência clara e percepção aguda. Penso que, se a educassem, ela se tornaria uma personalidade notável. Nada se observa de masculino nos seus modos, antes os possui gentis e amáveis”.
   Já o historiador Bernardino José de Souza, do Ciclo do Carro de Bois no Brasil, pontua à participação da heroína feirense em defesa da foz do rio Paraguassu local estratégico para a defesa das frentes de combate do Recôncavo aonde Quitéria costumava combater junto com outras mulheres com água até os seios. A nossa cadete participou de batalhas em Conceição, Pituba e Itapuã. Consta que tomou de assalto uma trincheira, fazendo alguns prisioneiros e escoltando-os, sozinha, ao acampamento! Quitéria envergava original farda azul com saiote por ela própria modelado, além de vistoso capacete com penacho. Assim, originalmente trajada, entrou triunfante em Salvador, com as forças e combatentes valorosos advindos de várias regiões do interior da Bahia, fato histórico que até hoje é motivo de comemoração no Feriado do 2 de Julho aonde podemos ver as figuras indígenas, do negro, do vaqueiro sertanejo, do homem da cidade todos, bravos protagonistas e guerreiros da história da Independência da Bahia!
A tentativa de libertação pessoal de Quitéria antecede o movimento universal institucionalizado pela cidadania da mulher. Temos, então, que a libertação do Brasil coincide com a libertação de Maria Quitéria. De um lado, a Pátria refém da exploração portuguesa e que procura arrebentar correntes; de outro, a camponesa aprisionada ao patriacalismo familiar sertanejo. Uma e outra querendo a liberdade, dispostas a morrer por sua cidadania. Emancipava-se o Brasil, inicia-se a emancipação da Mulher brasileira!
   “ ... É ele, é ele. Altaneiro no porte, com aquelas dragonas douradas, o dólmen justo salientando o peito, a barba negra. A gente conhece logo um Imperador pela barba e, também, pelo jeito direto e franco de olhar. Um olhar sem medo, um olhar dentro dos olhos —olhar de quem tudo ousa, de quem sabe que tudo pode.
Cavalheiro distinto, garboso e galante, o Imperador. Irritou-se com as exigências de seus compatriotas, reunidos num conselho chamado Cortes e, a cavalo, soltou o grito. Foi fácil, aqui no Rio de Janeiro e em São Paulo, porque havia um José Bonifácio, havia outros antigos conspiradores em prol da Independência. Pois D. João VI não havia previsto, não havia aconselhado: “Pedro, algum dia o Brasil se separará de Portugal. Se assim for, põe a coroa sobre tua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela!
   Entra o Imperador no salão espelhante, cheio de cadeiras e canapés forrados de veludo verde e vermelho. Um luxo. Faianças, cristais, candelabros, pesados reposteiros. Deve ser bom viver aqui nestes luxos, mas prefiro os meus matos, os campos rasos da minha terra. Estou atordoada, com uma zoeira nos ouvidos, mal entendo o que diz em discurso o nosso comandante. Ouço palavras soltas: “heroína”, “mulher valente”, “amor à Pátria nascente”.
   “ ... Agüenta, Quitéria”, eu digo aos botões da minha túnica. “Tu não és soldado, mulher?” Abro os olhos, o Imperador está diante de mim, curva-se e sorri. Tenho vontade de passar a mão naquela barba negra que parece seda. Mas a minha palma é calosa, com certeza o Imperador retrocederá, assustado — e me prendem. Fecho de novo os olhos. O Imperador me condecora, um sujeito de roupa espalhafatosa lê um papel em que me concedem um soldo para o resto dos meus dias. A Pátria agradece, mas, francamente, eu não pensava em recompensas. Os dedos do Imperador D. Pedro tocam-me a gola, roçam-me o busto. Ah, eu morro de vergonha. Quem diria que eu, Quitéria, donzela criada quase solta pelos campos, com os animais, seria alvo de tantos olhares neste palácio do Campo de São Cristóvão? As damas de saia arrastando no chão só faltam me comer com os olhos. Tenho o rosto em fogo, as orelhas ardem. Será que vou dar chilique em público? ...
O Imperador me põe a condecoração. Tremo toda. Ele entende o que se passa comigo e sorri.
- Parabéns. A senhora é uma heroína. A Pátria lhe será eterna devedora.
- Cumpri apenas meu dever de brasileira - consigo balbuciar em resposta. O Imperador curva-se e vai retroceder. Faço-lhe um gesto. O homem poderoso se detém.
- Posso ser-lhe útil em algo mais, senhora?
- Quero pedir-lhe um obséquio, um grande obséquio...
- Queira dizer-m’o.
- Quero que o senhor peça perdão, por mim, ao meu velho pai.
- E por que motivo? - indaga o Imperador.
- Porque fui-lhe desobediente, fugi de casa para entrar na guerra - eu lhe digo, toda ruborizada.
O Imperador sorri de leve. - Está perdoada. Farei o senhor seu pai sabedor do meu perdão.
O Imperador levanta a mão sobre a minha pessoa, em sinal de bênção ”.
   De volta à Fazenda Serra da Agulha, não se sabe ao certo se realmente foi perdoada pelo pai porque os registros da sua vida civil são escassos; cai nos braços do lavrador Gabriel Pereira Brito, namorado antigo com quem veio a se casar dando a luz a Luísa Maria da Conceição.. Em 1835, já viúva, mudou-se para Feira de Santana, a fim de intervir no inventário de seu pai. Com a morosidade da Justiça, foi para Salvador, onde morou até o final da vida sobrevivendo unicamente com seu soldo de alferes.
   Faleceu no dia 21 de agosto de 1853 aos 61 anos de idade.
   Existe uma medalha militar e uma comenda na Câmara Municipal de Salvador que levam seu nome. Sua imagem está presente em todos os quartéis, estabelecimentos e repartições militares do país por determinação ministerial. Em decreto presidencial de 28 de junho de 1996, foi reconhecida como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro, um dos pioneiros a incentivar o acolhimento de oficiais do sexo feminino.
 
   Sabe-se que há descendentes diretos de Maria Quitéria residindo na região da cidade de Tanquinho que fica a cerca de 40 Km de Feira de Santana.
(*) Texto produzido com trechos de citações e diálogos publicados por Hélio Pólvora, escritor brasileiro, autor do livro A Guerra dos Foguetões Machos, lançado em Portugal pela Orabem Editora e Heroínas Baianas, de Bernardino José de Souza; As heroínas do Brasil, de Consuelo Pondé de Sena;

Porque a Maria Quitéria ficou esquecida por um tempo e só depois foi lembrada?


Maria Quitéria foi mais uma vítima do preconceito que assola a sociedade brasileira. Era mulher, pediu permissão ao pai para alistar-se, não conseguiu a permissão, saiu de casa e foi morar com parentes. Alistou-se como se fosse homem, porque naquela época a exército não aceitava mulheres na vanguarda. Nossa heroína desobedeceu ao pai; burlou o regulamento do batalhão, alistando como "soldado Medeiros". Talvez, por isso, ela foi esquecida por algum tempo, hoje, porém, seu nome é orgulho nacional.

O fato ocorrido com Maria Quitéria, também acontecera com Joana d'Arc, que hoje é heroína francesa e padroeira do exército por ter lutado destemidamente, elevando a moral do exército francês na época e dando um fim glorioso à guerra dos 100 anos. Mas por muito tempo era lembrada apenas como feiticeira, pois ouvia vozes que a guiavam para a vitória.

Quais eram os ideias que Maria Quiteria defendia?


Maria Quitéria defendia o movimento pró-independência da Bahia ativamente, enviando emissários a toda a Província em busca de adesões, recursos e voluntários para formação de um "Exército Libertador".

Como Era a Farda de Maria Quitéria?


O Governo da Província dera-lhe o direito de portar espada. Na condição de cadete, Quitéria envergava original farda azul com saiote por ela própria modelado, além de vistoso capacete com penacho. Assim ataviada, entrou em Salvador, com as forças do 2 de Julho, finda a guerra oferecida às tropas do General Madeira.

Quais foram principais batalhas das quais maria quitéria participou?


Em 29 de outubro de 1822 ela lutou na defesa da Ilha de Maré, e depois dirigiu-se a Itapoã. Em fevereiro de 1823, participou com ímpeto inúmeros combates, atacando inimigos entrincheirados na Pituba, capturando-os e levando-os preso para o acampamento da sua tropa. Maria Quitéria lutou também pela defesa da foz do Paraguaçu comandando um grupo de mulheres guerreiras. Com água na altura dos seios, avançou contra uma nau portuguesa, impedido o desembarque de reforços às tropas inimigas. Depois de violentos combates, finalmente, a dois de julho de 1823, as tropas brasileiras marcharam vitoriosas pelas ruas de Salvador, com Maria Quitéria entre elas. Em reconhecimento por sua bravura, Maria Quitéria foi recebida no dia 20 de agosto daquele ano pelo Imperador, que a condecorou, com o seguinte pronunciamento: "Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro." Além de receber a comenda, ela foi promovida a Alferes de Linha. Consolidada a independência do Brasil, Maria Quitéria retomou sua vida particular e casou-se com Gabriel Pereira, com quem teve uma filha, Luísa.
Maria Quitéria morreu aos 61 anos de idade, viúva e sem bens, praticamente esquecida pela história. No ano do centenário de sua morte, o então Ministro da Guerra determinou que em todos os estabelecimentos, repartições e unidades do Exército fosse inaugurado, em 21 de agosto de 1953, o retrato da insigne patriota. Já em 28 de junho de 1996, Maria Quitéria de Jesus, por decreto do Presidente da República, passou a ser reconhecida como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.
O famoso bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, tem uma rua que, anteriormente intitulada Otávio Silva, teve seu nome alterado para Maria Quitéria em 1922, em memória dos feitos da heroína da independência.

Como Maria Quitéria conseguiu entrar no Exército ?


Em 1822 o Exército brasileiro realizou campanhas para o alistamento de soldados para lutar pela consolidação da independência, frente à resistência dos portugueses na Bahia. Maria Quitéria pediu ao seu pai para se alistar, mas não obteve permissão. Fugiu, então, para casa de sua irmã Tereza e de seu cunhado, José Cordeiro de Medeiros e vestida com roupas de homem e com os cabelos cortados, alistou-se como soldado Medeiros.Passou a integrar o Batalhão dos Voluntários do Príncipe, também chamado de Batalhão dos Periquitos, por causa da gola e dos punhos verdes do uniforme. Duas semanas depois Quitéria foi descoberta por seu pai, mas impedida de deixar o exército pelo major Silva e Castro, que lhe reconheceu grandes qualidades militares.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Como viviam as mulheres naquele período ?


No século XIX, 1808, sem que ocorressem muitas mudanças com a chegada da Família Real, e as inovações culturais feitas por Dom João VI, as quais não provocaram de imediatas alterações sobre a educação feminina, numa dimensão ampla. São criadas algumas “... escolas leigas para as meninas da elite e são contratadas preceptoras de Portugal, da França e, posteriormente, da Alemanha para educá-las em casa.” Para essas moças, pertencentes a grupos sociais privilegiados, os conhecimentos que se procurava transmitir estavam ligados ao ensino da leitura, escrita, doutrina cristã e noções básicas da matemática.
Entretanto, a preocupação maior era o desenvolvimento para as habilidades artísticas nos trabalhos manuais e no envolvimento com a organização da casa e cuidados com o marido, ou seja, a preparação para ser esposa e mãe dedicadas que ouvissem muito, falassem pouco e se, instruíssem o mínimo necessário como ditava um famoso provérbio português: “uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente as suas orações e sabe escrever a receita da goiabada. Mais do que isto seria um perigo para o lar” 
Nesta condição nem os documentos da época, inventários e testamentos a mulher poderia assinar, necessitando pedir aos homens que por ela o fizessem “por ser mulher e não saber ler”.
Em que pese à ideologia dominante na época sobre a educação das mulheres e sobre sua postura na família e sociedade, muitas ousaram romper os paradigmas estabelecidos buscando integrar-se em acontecimentos que a História nos mostra, influenciando e tomando parte em diversos momentos, ultrapassando assim do espaço doméstico para o público e vencendo barreiras que tolhiam suas iniciativas.
A exemplo isso, registra-se a atitude corajosa de Maria Quitéria que participou de diversas batalhas, a revelia de seu pai, pela Independência:

“... soldado Medeiros como era conhecida Maria Quitéria sobressaiu-se bravamente na defesa da foz do Paraguassu. Dirigindo um grupo de heróicas mulheres baianas, impediu o desembarque das tropas portuguesas. Ao ser condecorada pelo Imperador, com a Insígnia dos Cavalheiros da Imperial Ordem do Cruzeiro, faz a seguinte solicitação: ‘já cumpri o meu dever como brasileira agora peço ao meu Imperador uma graça: uma ordem para que meu pai me perdoe a desobediência por ter trocado a minha casa pelo campo de luta’. Esta solicitação de Maria Quitéria vem enfatizar a sujeição, a dependência em que vivia a mulher brasileira. “Depois de enfrentar corajosamente lutas difíceis para emancipar sua pátria, temia enfrentar seu pai.”